mercredi, décembre 20, 2006

Diálogos que valeram a pena

Tia Alicia mija na falsa moral das pessoas e nos meus deslumbramentos primários:
- E aí a dona do restaurante era uma mulher loira, bem rica, prima da italiana. Ela tinha três filhos homens. Como sempre quis ter uma menina e nunca tinha conseguido, ela adotou uma africana. A guriazinha deve ter um ano e pouco.
- Ai claro, está tão de moda fazer isso agora. Até a Madonna fez.


Adolescente realista e cruel faz previsão generosa ao segurar a mão desta correspondente:
- Acho que daqui a dez anos eu não vou nem te conhecer mais. Não quer apostar?
- Pô, muito obrigada. Vai se fuder, bshumpf..

mercredi, décembre 06, 2006

Trocas

Nunca mais arrotar. Nunca mais arrotar nem ter dor de cabeça por um quilo a mais.
Dormir quatro horas por noite por uma cicatriz em toda a volta do polegar. Escrever o artigo perfeito por dois meses sem nenhum contato sexual. Poder contrair os músculos da vagina por ter quebrado o nariz aos 13 anos. Ter lido todo o Sartre por perder uma boa amizade. Ter três irmãos homens de corpo moreno por ter sido molestada em escala mediana pelas mãos de um tio. Ser desprovida de pêlos no corpo por perder um filho na primeira semana de vida.
Fazer as melhores músicas da minha geração por chorar todas as noites, durante três anos. Ser ruiva com sardas e seios redondos por pintar os cabelos de preto a cada início de mês. Herdar um apartamento no México por nunca te conhecido meus avós.
Ganhar uma medalha olímpica por ser atropelada às vésperas de uma viagem. Ser mais linda que todas as mulheres de uma cidade por não controlar o impulso de cortar a pele das coxas com lâminas de gilette. Desenhar um bom personagem por perder 50 euros na rua. Ser banhada de elogios por receber na cara um cuspe verde de um tuberculoso, uma vez.

Notícias de um divórcio

Julio – O irmão dela morreu.
Sofia – Eu sei, eu estava ontem quando tu ligou. Ela ficou muito triste?
Julio – Sabe, eu nunca vi ela chorar.

Ele tem 78. Ela acordou anteontem com uma hemorragia no nariz. Eles estão se separando.

lundi, août 28, 2006

mardi, août 01, 2006

então que

hoje pago o meu último aluguel neste apartamento.

mercredi, juillet 26, 2006

Unhas do pé: virem pretas sem eu ter que passar esmalte nem limpar as bordas

Meu nariz é bem maior que o da Feiticeira. :(

samedi, juillet 22, 2006

blergs

Uma verdadeira bosta o São Paulo Fashion Week 2006. Diz que a inspiração era a África. Pois não dá um ovo do que eu vejo no metrô, em modelos mais polpudas e autênticas. Êta coisa mal feita.
Um desaforo.

vendredi, juillet 21, 2006

mardi, juillet 11, 2006

Ajudem a Embratel

00 xx 33 1 43 46 12 52
00 xx 33 6 28 34 00 80 (celular).

A partir agora, se eu entrar no messenger, é pra alguma coisa prática (a viagem pra Irlanda incluída), e só.

lundi, juillet 10, 2006

Anfetamina custa quanto no Brasil?


Porque é muita desgraça no orçamento de quem tá remando por dinheiro e dormindo bem menos do que o desejado chegar em casa do super com um vidro de café descafeinado. Não sei nem pra que fabricam essa merda.







Em tempo: quando eu vim pra cá em julho de 2005, tirei essa foto em Montmartre, o lugar Paris-típico onde os parisienses nunca vão, segundo o Xavier do Albergue Espanhol. Tinha esse cachorro, que deixou tudo mais charmoso. Tinha também uma cidade que eu nem conhecia e só ficava capturando em fotos.
E hoje passei por ele na cozinha do restaurante onde estou trabalhando, pensando "ah, o cachorro", como "o cachorro que entra e sai desde o início da semana, quando eu comecei a trabalhar". E tive que corrigir depois pra "ah, O cachorro. O cachorro!!!". Ainda bem que tinha a foto.


E o pensamento do dia vai para: Daniele Aves e Danichi Mizoguchi.

dimanche, juillet 09, 2006

Tant de choses

Quinta-feira foi último dia da temporada de babysitting. Sempre fui péssima com despedidas, mas não porque “eu odeio dizer adeus”. É porque eu adoro e quase nunca me organizo pra fazer direito. No caso, eu trabalharia até sexta, mas lembrei de sopetão que queria ir num festival nesse dia e, como a mãe do Dionisio topou, fechou que quinta estava sendo o meu último.

Leticiá: - Dionisio, demain je ne m’occuperai pas de toi et comme je ne te verrai pas avant que tu parts en Grèce, je voudrais te dire...
que eu não sei quando terei outra criança nas mãos de novo.
que eu não tinha idéia de muita coisa antes de te conhecer.
que tu me deixou embasbacada com os teus olhos enormes abertos.
que cuidando de ti eu conclui que ter um filho inclui uma dose grande prazer físico, o que eu antes eu achava que acontecia só no amor romântico.
que eu acho injusto que uma criança seja cretina até que o adulto coloque um limite e não se deixe pisotear; isso é uma lógica cruel.
que tu me deixou com medo da minha idade porque, se alguma das mulheres da minha vida engravidar agora, teremos que esperar nove meses pra ter uma bolinha de carne, depois mais um tanto pra poder pegar sem quebrar, depois mais uma eternidade pra poder falar francamente da vida como a tia sem noção que eu almejo ser.
que eu não sabia que as crianças crescem de uma semana pra outra.

que mais de uma vez eu quis te matar (ou, no mínimo, te fazer dormir com a força das mãos).
que é monstruoso pensar no peso que as tuas experiências atuais vão ter no teu rosto de 18 anos e ter a mínima participação nisso é assustador.
que tu não tem idéia de que quando a gente cresce tudo faz lembrar a infância e as pessoas compram carros, decidem casar e trocam de profissão pra ressaborear algum gostinho dessa época.

...bon voyage et amuse-toi bien :).

Dionisiô: - Merci. Toi aussi, reste bien ici à Paris :).

jeudi, juillet 06, 2006

Manifesto


Por uma predominâncida da não-reciclagem dentro do mundo interpessoal.
Chega de lógica de anti-poluição!

Desde que eu ganhei aquela muda de árvore do Iguatemi, com o tal adesivo “Cubra o mundo de verde”, o troço impregnou na minha cabeça. Cérebro humano alterado (não tanto quanto tu diz, Lois) não consegue distinguir a decisão de nunca ter um carro ou mesmo uma linda Vespa com ser coerente frente ao conjunto de pessoas usadas.

Deixar o cabelo desarrumado ao falar com uma pessoa bonita.
Lembrar que “tímida” é uma estampa boa mas não cola quando conseguimos conversar bem na primeira vez.
Não sorrir à toa.
Não explicar.
Não fingir que não explicar é um mistério charmoso.
Não ser uma filha exclusivamente racional.
Não ser uma amiga exclusivamente viceral.
Fazer rodízio de discursos entre os públicos afim de não confundir multi-facetagem com dissimulação.
Nunca mais dizer "motivo" no lugar de "desejo".
Desrespeitar com verdades mais seguidamente que o contrário.
Aceitar que a morte em todos os seus estados é, na base, desperdício, julgamento, perda e injustiça.
Isso ou
Matar um caracol saudável por dia.


A partir de agora, podem me chamar de Sophie.

mercredi, juillet 05, 2006

Já falei tantas vezes do verde nos teus olhos


Um minutinho.
Faz umas três aulas que eu e o Loïc começamos a tirar de ouvido a letra dessa música, o que tem me dado uma paz de espírito enorme e muitas saudades do Binho (aka Edson Maciel), quem me copiou a coletânea onde ela está, num cd intitulado "P/ Lele - 7/out/2003 - Song for Shelter".

Depois de muito sing along, histórias da morte de overdose da Elis Regina e o sucesso recente da Maria Rita, pode-se dizer que angariei um fã.
Único detalhe é que, procurando a letra agora na net, me vem A festa - Milton Nascimento para Maria Rita. Eu ensinei que era da Elis, pô!!

Assim não dá. São muito parecidas essas vozes!
Vamos ter que dar uma correção amanhã. Anota na conta da Geral.

A festa
Milton Nascimento
Já falei tantas vezes do verde nos teus olhos
Todos os sentimentos me tocam a alma
Alegria ou tristeza
Se espalhando no campo, no canto, no gesto
No sonho, na vida
Mas agora é o balanço
Essa dança nos toma
Esse som nos abraça, meu amor (você tem a mim)
O teu corpo moreno
Vai abrindo caminhos
Acelera meu peito,
Nem acredito no sonho que vejo
E seguimos dançando
Um balanço malandro
E tudo rodando
Parece que o mundo foi feito prá nós
Nesse som que nos toca
Me abraça, me aperta
Me prende em tuas pernas
Me prende, me força, me roda, me encanta
Me enfeita num beijo
Me abraça, me aperta
Me prende em tuas pernas
Me prende, me força, me roda, me encanta
Me enfeita num beijo
Pôr do sol e aurora
Norte, sul, leste, oeste
Lua, nuvens, estrelas
A banda toca
Parece magia
E é pura beleza
E essa música sente
E parece que a gente
Se enrola, corrente
E tão de repente você tem a mim

mardi, juillet 04, 2006

Kül

Tem um tempinho já que estou dando aula de português pra Claudia, uma alemã que trabalha no mesmo banco internacional (esqueci o nome) que o meu primeiro aluno, Loïc. Deve ter uns 20 e muitos anos, é uma loira sorridente, já morou no Peru, pesca as coisas muito rápido e me obriga a corrigi-la quando ela fala o "de" e o "te" que nem os colonos aí do RS.
Não é nem que ela queira se distanciar de um passado comum com os gringos, mas a guria acha o máximo me ouvir falar "houve um acidente no teatro, de dia".
"Cool", ela fala, e se ajeita na cadeira depois de um minipulinho imaginário.
Esses sorrisos abertos me fazem rezar por um mundo com mais pessoas empolgadas.
E só de falar isso, parece que eu estou descrevendo uma mongolona (o que comprova a resistência generalizada à felicidade sem motivos).
Ela foi pra Alemanha neste fim de semana, me mostrou as fotos da festa na rua, e daí que eu vi que ela tem amigo de tudo o que é canto do mundo e sai com eles mesmo quando vai pro país dela, onde poderia ficar se embebedando tranqüila e só falar a língua-monstro. Cool, cool, cool. Hoje eu torço pra Alemanha.

Célebres e aleatórios










Há algumas semanas o Louis Garrel (Os Sonhadores) estava na rua, assim, no mais. Passei de bicicleta com o Fábio e ele quase deu oi. Típica cena em que tu acha que conhece a pessoa mas não lembra de onde, e no fim a pessoa é famosa.

Aí anteontem a Helena Bonham-Carter apareceu no meu sonho. O marido dela, o Tim Burton, e a Júlia Dócolas estavam na mesa também. Eu adorei chamar ela pelo nome, mas não lembro o que a gente conversou.

E hoje, pra fechar, o Richard, aquele namorado magnata que fazia a Samantha (Sex and the City) sofrer, passa por mim quando eu tô esperando pra atravessar a rua, na esquina de casa. Mas era o Richard mesmo, não o ator James Remar. Tava num conversível, com uma cara de que podia comprar o mundo num estalo.

HAHHAHAHAH

nana diz:
o BR que era só copa, agora tá triste... Parece que leram os lábios do Parreira e ele disse pro adriano, pode entrar, mas já estamos fora mesmo, quando ainda tinha uns 25 minutos...

às vezes eu ESQUEÇO.

lundi, juillet 03, 2006

O primeiro limite

Continuo desconfiada de donos de blogs.
Acho a grande maioria que leio muito ruim.
A necessidade de expressão (e o tamanho da blogsfera) fazem coisas bizarras com o critério e o cuidado das pessoas, mesmo que os teóricos digam que a beleza da pós-modernidade está exatamente aí. É um pouco festa de surdo.
Suspeito.
Suspeito que todo blogueiro quer mais é continuar falando sem ter que se perguntar se alguém quer ouvir, quer dar notícia pra gente que por A ou B não faz parte do seu círculo atual de pessoas telefonáveis.
Leio blogs que eu acho ruins só pra me irritar, odeio quem só fala do trabalho e quem só coloca foto bonita.
Ainda assim, eis-me com o meu layout padrão e os post regulares, na mesma maré de exibicionismo, amadorismo e falta de autocensura que todos os meus alvos de críticas. Cada vez mais falta de autocensura, aliás (note que nunca mais deletei um post).
E é um divertimento misturado com insegurança imaginar todos os xingamentos que aquela menina que me viu uma vez só, naquela festa perdida, me joga cada vez que entra no meu blog. Essa ilusão de popularidade pra quem acha popularidade uma coisa muito incômoda é mais um tempero desta bobagem toda. Os maus giros que eu cavo com esse monte de confissões abertas, o perigo da arrogância e a incompreensão infalível passeiam muito por aqui.
Mesmo se fosse um sacrifício manter esta página – o que não é - , valeria a pena tentar só pra lembrar que as palavras estão aí pra serem mal-interpretadas. E, mais do que isso, pra lembrar que cada vez que a gente pensa que escondeu direitinho um pensamento, alguém devolve cristal clear na resposta da nossa fala.
Ah, a normalidade.

Nota: escrevi isto pra descrição do blog e, surpresa, surpresa, o texto excedeu o tamanho máximo.

jeudi, juin 29, 2006

L.E.R. très très bizarre

Existe.
Hoje criei um glaucoma* no polegar que aciona a campainha da bicicleta, o esquerdo. Quase explodiu a gema do dedo, um perigo!

*(
diagno'stico pessoal)

mercredi, juin 28, 2006

Retiro tudo o que eu disse

Nem duas horas depois do jogo, o meu aluno cretino me manda o e-mail abaixo. Começou a papagaiada...

oie professora, como, que vôce ta???
entao nossas grandes naçao vao se encontrar esse sabado
8 anos depois a derrota do brasil 1--2--3 a ZERO...
brasileiros, fica com medo de nossos guerreiros
vamos ver quiem vai aguentar
boa sorte
dalhe brasil et vive la france
balhançado de coraçao

ciao

A lêeh le. bleu.

Do lado da Cité Universitaire tem um estádio que está passando todos os jogos da Copa. Os brasileiros vão lá pra torcer pra seles- saho, mas até hoje eu achei que era programa pra pé rapado que não tem tevê em casa.
Pois não. Os franceses também foram e entupiram o lugar hoje, aproveitando pra redimir todas as velhas burocratas mal comidas que me perseguiram durante o inverno. Sim, eles tem sangue nas veias. UUFA.
Sete meses de dúvida.
Deu até pancadaria, sangue, corrida e buzinaço no final. Coisa boa, né?
Allez les bleus.

dimanche, juin 25, 2006

A bicicletinha mais charmosa


A Cari, percursionista da Apanhador Só, chegou na final do Trama Universitário e tá perigando ganhar. Merece MUITO um voto, pelos seguintes motivos:

[se você é do João XXIII] - a Carina era uma das pessoas mais loucas daquele lugar e só contribuiu pra deixar nossos anos adolescentes mais divertidos. Quem mais apurrinhava o professor pra mudar uma regra, parava a aula pra fazer uma votação, se revoltava contra o sistema de votação e saía porta afora? Vota nela!

[se você já foi no show] – a bicicletinha não é argumento suficiente? Vota nela!

[se você se influencia com a fama] - ela é filha do Cláudio Levitan. Vota nela!

O caminho é ir no Trama, fazer o cadastro (barra de cima), confirmar o cadastro (e-mail), ir em participar (barra de cima) e votar. A música é Maria Augusta, aquela do arrasta-pé.
Foi!

vendredi, juin 23, 2006

Ah, voilà.

Preciso de frutas, mas no caminho do apartamento tudo parece caro. Lembro do Franprix da esquina que sempre tem sacos de 2 quilos de maçã por 2,69 E, dessas boas de levar na bolsa e ficar bancando a magra por horas.
Vai passar no caixa e a etiqueta aparece.
Origine: Brésil. Rodovia SC 486 - km 39 - Fraiburgo, SC.
Ah, voilà.

Tentei lembrar o preço do quilo de maçã no Brasil mas, heh, eu não era dona de casa lá.

jeudi, juin 22, 2006

Eu sugiro

pra todo mundo que vai ficar longe de casa por um bom pedaço de tempo que escreva uma carta quando se completarem seis meses de ausência, a ser enviada a afetos que se exerçam tão bem no plural quanto no singular. Que abra o coração, gaste e ria uma tarde inteira contando o que se passa. E sugiro que, no final, peça pra receber de volta uma resposta sonora. Vale a pena.

Mingas, eu amei.
Mas foi muito coito interrompido! O que acontece depois que começa a chover e a Bel desliga o gravador? O que acontece depois que a Inessa termina de falar??
Ri muito.

Lalaô

Consegui ser barrada na porta de uma boate de novo. Sóbria, educada e bem vestida (eu, ao menos, estava gostando da minha roupa).
E o agravante: eu tinha nome na lista.

mercredi, juin 21, 2006

Peguem o CPF

Atenção leitores. Todos os leitores. Todos vocês. Eu sei que existem, que a ausência de comentários é represália ao dia em que eu pedi pra me deslinkarem dos blogs.

Preciso de um favor. Votem na Lisi. Uma promoção da Melissa. Ela ganha, vem me visitar e eu fico muito agradecida a todos vocês. Vocês mesmo. Que caíram de bobagem por aqui.

Dá raiva, eu sei, quando a gente cai num site e só tem besteira escrita, presunção, umbiguismo, gente se achando engraçada. Mas aconteceu. Tem que pensar que faz parte do desperdício de neurônio diário que garante o funcionamento da máquina. Gastem só mais um pouquinho e coloquem o CPF neste site, por favor. No nome da Lisiane Peccin Pratti.
E nem olhem pra foto da calcinha, é melhor mas não é minha amiga.

Minha frase de loira em dia de paredão

Caraca, como é que tanta coisa boa e ruim consegue acontecer AO MESMO TEMPO?!

lundi, juin 19, 2006

Deus do céu, no que será que ele pensou?


Sir Paul. 64 anos ontem. Só eu acho incrível?

samedi, juin 17, 2006

Uma semana em que eu me convenci de que tinha aprendido a falar italiano

Eu não sou católica. Nem batizada. Uma grande parte da minha família é, entretanto. A minha tia me ligou em novembro (quando eu não tinha nem um mês de Europa) dizendo que eu TINHA que reservar o último fim de semana de maio para comparecer na comunhão da Giulia. Ainda bem. Tivesse esperado as coisas se encaixarem, o dinheiro sobrar e os planos darem pé, esperando eu estaria.

Aí lá fui eu de Eurolines, um meio de transporte que os europeus simplesmente ignoram, só porque tu pode cair num ônibus perfeito como num nem tão perfeito cuja distância entre as poltronas é de 10 cm, pode demorar 19 horas ao invés das já longas 12 previstas para chegar no lugar, pode ser largada no meio da estrada ao invés de numa rodoviária, só porque todas as promoções são mentirosas... Esses detalhes que me fazem sentir, assim, cada vez mais européia.

O destino era Fano, na costa do mar Adriático, o que banha o lado do salto da bota. Cheguei dois dias antes que todo o resto da família e me dediquei a andar de bicicleta, buscar as crianças na escola, acompanhar o preparo e o desenrolar das refeições, sentir o sol na cara. Em suma, experimentar a vida local. O que ficou ainda mais verídico porque eu também tinha que trabalhar, terminando de redigir uma tarefa da faculdade que já estava 20 dias atrasada.

É gostoso estar em volta de gente feliz. Porque aí as coisas viram constatações. Sim, o verão ainda está em gestação e não tem quase ninguém na praia. Sim, a vida é pacata aqui. Sim, este é um lugar muito bonito.

Nesses dias eu conversei com o Marco (marido-da-prima-da-minha-mãe-e-pai-da-comunhanda) sobre como a Itália caiu na teia do Berlusconi, experimentei gelatto com grappa, ouvi o que se pode fazer no sul da Itália quando se é jovem.

Logo, o resto da família chegou e os meus passeios passaram a ser feitos com a Claudia - apresentada no post “Irmã Helvética”, de janeiro -, que adorou a minha companhia na ausência da Lisi. (hehehe, só uma piada, lois).
Como toda praia, Fano tem um “centrinho”, mas ele é medieval, com direito a pedra amaldiçoada por uma bruxa queimada e tudo. E a cerveja era mais barata do que em Paris, évidement.

E no dia da comunhão a festa foi numa vila italiana, morada dos avós. Eu nem sei se isso se diz, mas na minha cabeça “vila italiana” são essas casas de campo entre morrinhos meio baixos, em que a gente enxerga muito verde pra todos os lados, pequenos vinhedos e uma casa de pedra com flores, lugar pra se atirar ao sol e à sombra, mesas grandes de madeira e outras coisas gostosas. Se alguém pensou Beleza Roubada, é isso.

mercredi, juin 14, 2006

lundi, juin 12, 2006

Diagnóstico: dependência de imagens, de contar a própria vida, de viver perfis virtuais e outras coisas que a gente acha serem vícios alheios


Quando a Amanda, minha coloc (colega de apê) me passou esta foto, eu pensei: "nossa, que alívio ter uma foto minha, faz XXX meses que eu não tenho uma foto minha, estava até com medo de perder registro da minha vida".
Aí quando eu fui contar quanto era "XXX", na certeza que ia beirar os cinco meses, pein!: vi que as últimas fotos foram tiradas na visita da Lisi, em meados de abril. O que resume o tempo total da falta de registro a, no máximo, 60 dias.

Como faço para sair deste século, hein?

Na foto: eu no vestido recém chegado de POA que as minhas mãe e irmã mandaram porque "era a tua cara", posando pra máquina digital nova da Amanda, com a bolsa apoiada na porta do elevador, no sexto andar (o meu), indo ver um filme na biblioteca nacional, sendo espiada através do olho mágico pelo vizinho da frente cuja atividade em tempo integral é passear um cachorro histérico - mesmo vizinho que recebe meus amados euros todo dia primeiro do mês porque ele é, além de dono do cachorro histérico, dono do nosso apartamento.

dimanche, juin 11, 2006

jeudi, juin 08, 2006

Perestroika + Glasnost


Meus pais sempre foram um bloco monilítico. Dediquei uns quantos anos adolescentes tentando contradizer um na frente do outro. Essa caracterísitica deles não ajudou em nada naquela época visto que, quando um dizia não e ponto final, o outro não fazia mais do que ajudar com os argumentos. Tough years.

Eis que eu fiquei velha, e eles só um pouco mais do que já eram.
E como acho que gastei todo o estoque de fúria pra cima dos dois antes dos 20, eles agora podem ser o quão siameses quiserem que eu só vou achar graça.

Vide os dois e-mails que recebi no dia 06/06/06.

1) Letícia: espero que tengas ido bien en la prueba. Hoy tu mami recibió el cd que le mandastes, hoy viene su papi con la mudanza y hoy hace 35 años que namora conmigo. La verdad hoy es un día de mucha suerte! Ah! Me olvidava, hoy es el cumple de Nilda y espero que tenga suerte y hoy no la multen por velocidad arriba de lo permitido...jeeeeeee jeeeeeeejejejejejej. Besos, Luis

2) Oi Letona, tudo bem? Cómo foi a prova, já estás livre? Depois me conta.Ontem recebi teu presente, muito obrigada. Vou ver se começamos hoje aos poucos a asistir. Meu francés é meio enferrujado.Hoje 06/06/06 é um dia especial, faz 35 anos que eu e Luis começamos a namorar...Muito tempo ne?Fomos a almoçar na AABB, sozinhos, lógico.Hoje também é o aniversário da tía Nilda, depois vou dar um pulinho na casa dela.E finalmente hoje chega o vô e sua mudança.Amanhã te conto .Besotes Marita

lundi, juin 05, 2006

Miséria pouca / ou / Porque devo largar com urgência trabalhos envolvendo crianças

- On va enlever ton pantalon pour faire la sieste parce qu’il fait très chaud ici.
- …
15 minutes après.
- Tu dors pas ? Je t’enlève ton T-shirt, c’est vrai que c’est encore plus chaud maintenant.
- …
- …
- J’ai chaud au zizi et aux fèsses…
- Garde ta culotte !!!

dimanche, juin 04, 2006

um concurso público, por favor

Eu nutro uma vontade de ser free-lancer.
Mas este não é um post do estilo "estou atrás de emprego, se souber de algo, me avise".
É só pra dizer que, se eu continuar com essa idéia, nossa, que monte de coisas terei de aprender pra não repetir a estranha agenda de amanhã: duas aulas de português desmarcadas porque topei cuidar de uma criança de três anos durante mais ou menos 14 horas, pelo preço de... [vergonha da ignorância, vergonha da ignorância, vergonha da ignorância] duas aulas de português.

4 de junho, seu eiffel!!


dã. hehe. exagerei.
mas por que o verão não CHEGA???


p.d. Nuni, como eu faço pra colocar todas as minhas músicas num cd regravável? Meu pai me xingou porque eu não faço back-up, mas tem coisa que desperdicia mais cd do que back-up? E estes têm sido meses tão prolíficos de E-mule...

nuni? R U there? someone?

socialpoesia

"Mesmo o indivíduo solitário tem direito ao menos à companhia dos seus métodos de trabalho".

Estudando pra prova, cujo assunto eu diria que é teoria da sociologia, passei por essa frase afaga-coração.

BERGER P. et LUCKMANN T. La construction sociale de la réalité, Paris, A. Colin: 1997.

samedi, juin 03, 2006

Depois da euforia da primavera, uma síndrome de abstinência

Sabe aqueles veranicos asquerosos que chegam no inverno porto-alegrense sem avisar, quando as roupas frescas já estão em sacolas, ninguém está depilado nem combina a camiseta de baixo com o blusão porque pensa que não vai ter que tirar?
Pois eles vem daqui. São massas de calor que o Sul rouba do Norte. Por favor, devolvam.

Era pra fazer calor na minha cidade, c-a-l-o-r.
Mas fez 5 graus nesta semana. Não dá pra viver assim. Devolvam.
Por favor.

jeudi, juin 01, 2006

quinta-feira de tardezinha nublado


E aí que eu me propus a vender ração de cachorro. Não qualquer ração, bem entendido. A melhor do mercado em todos os aspectos e sob todos os ângulos, tão boa que cura doença e só tem ingrediente que humanos podem comer. Humanos que não tenham prestado serviço para o filme Ilha das Flores, bem entendido.
Estou com o cérebro recheado de argumentos e sei até porque os gatos lambem o próprio pêlo. A lavagem – do cérebro, não do gato – foi bem elaborada, mas não a jato. Um dia inteiro.
Foi um dia médio.
Conheci gente de realidades particulares, perdi tempo, comi de graça, tava ruim e frio, fiquei com a bunda quadrada, garanti um emprego, mofei no metrô.
Ouvi, pela primeira vez, por exemplo, alguém me dirigir a frase “eu não posso comer carne porque a minha religião não permite”. Foi a menina que ficou minha “amiga” na chegada, quando estávamos atrasadas e perdidas. Uma “eu e tu” com tic-tac no cabelo, muito rímel e emprego em loja de esportes, que só come carne halal, a que respeita o corte muçulmano. Interessante.
Depois vi que tem gente que faz esse tipo de demonstração de produtos há 7 anos, um tempo interminável dado o coeficiente massante da função, e que outros que fazem isso têm mais de 40 anos, ou 50.
E que não era só eu que precisava de um papel pra pegar autorização de estrangeiro. Uma menina do Senegal e outra de Madagascar também. Dois lugares que eu tive que procurar bem rápido no cérebro e só achei a localização aproximada. E eu acho que a cicatriz no pulso da menina senegalesa era tribal, mesmo se ela estava embaixo de uma corrente dourada e um cabelo de cachos artificiais. Ela era de um preto bonito, bem mais bonito que o martinicano que pegou o mesmo trem que nós pra voltar.
Chegando em casa, com dor nas pernas e a cabeça meio inchada, me pus a lavar louça, que não teve aquele brilho ritual que a gente se inventa pra deixar a vida bonita.
E aí que me veio a frase que vai fazer a minha caveira quando eu for muito famosa e polêmica - uma Paula Francis - e alguém achar o link perdido deste blog. Ei-la: às vezes, a mágica não bate, o colorido não faz efeito, mesmo pessoas interessantes não salvam o dia. O fato é que ser classe média é chato. Às vezes.

poltrona torta

Cinema. Cena de uma prisioneira deitada na sua cela, olhando pro alto e respirando fundo no seu macacão laranja.
Primeira reação: inveja. Impressão de que ela tem sorte de estar assim tão atirada.
Conclusão: preciso dormir mais à noite.

mercredi, mai 24, 2006

Seguindo pistas

1) A primeira maquina de café tinha 16 opçoes ao invés das 8 habituais, entre as quais escolhi um capuccino com chocolate por 50 centavos, metade do euro de sempre.

2) O marido da minha prima hesitou em me deixar ir comprar a massa para o almoço e finalmente prefeiriu sair cinco minutos antes pra poder fazer ele mesmo a tarefa.

3) Detalhe que, quando ele sair pra ir buscar as crianças, uma panela de agua quente ficara no fogo, entrando em ebuliçao no exato momento em que a chave virar de volta na fechadura.

4) Ontem a noite, preparar algo facil de janta consistiu em cortar um melao e colocar fatias de presunto cru em cima.

5) Desde que cheguei, o flexibilizador de lingua espanhola da minha cabeça me permite entender e ate falar 2 ou 3 coisas com os locais.

Si, penso che sonno in Italia.

samedi, mai 20, 2006

Um almodóvar, uma música

Volta e meia em reuniões regadas a primos, bebidas e carne os "adultos" da minha família cantam isto. O refrão sempre me foi muito forte, e não só por causa da cara de tragédia da minha tia Carmen, que fazia teatro. A Penélope fez um playback ontem no filme. Foi bonito.

mardi, mai 16, 2006

stuck inside a cloud.

samedi, mai 13, 2006

Um estalo bobo, com o dedo apoiado no lábio inferior

Fazendo meu tema de francês, que consiste no início de um romance (as pessoas aqui levam sua veia artística MUITO a sério, é respeitável), lembrei da música da Cher Antoine, aquela dos Los Hermanos cantada em francês. Não é que aquilo é um tema de francês? A pessoa tem que contar o que vai fazer no fim de semana, escrever o vocativo de uma carta, dizer com quem vai, por que, ser educado. Vê se não é:

CHER ANTOINE (Rodrigo Amarante)

Cher Antoine, Je suis vraiment desolé mais je ne
peux pas partir avec toi.
Du 20 au 24 je dois travailler, j'ai 4 jour de congé.

Je vais à la campagne. Je voyage en train
pour le montagnes, c'est un drôle de chemin!
Je vais à la plage avec des amis. Je vais faire du sport, je
vais fair du ski!"
- Feito pra mim, bom pra você. Deixa mudar e confundir!
- Deixa de lado o que se diz. Tem no mercado, é só pedir!...
- Me faz chorar... e é feito pra rir.


Ok, se as pessoas dentro da seita já tinham interpretado isso desde a época do disco, meus perdões pela obviedade. Pra não dar o tempo por perdido: baixem Mickey 3D, que é francês de verdade e legal demais.

Flashback, flashfoward, flash enfim

Preciso fazer fotos pra ver a vida passar. Preciso guardar essas imagens bonitas.

Preciso de pilhas caras pra máquina e rolo de filme também.

Revista de cinema

A college professor abandons his family and his career in order to champion his mistress, a student radical accused of killing a policeman. 2005. Director: Per Fly, danish kid.

O nome do filme é muito complicado, aqui saiu como Manslaughter, no Imdb consta como Drabet, no Brasil aposto que vai chegar como algo do tipo Virada do Destino, então vale mais a pena indicar a sinopse e o diretor.
O roteiro é intrigante mas as imagens são bonitas demais. Discute engajamento político mas é um filme sobre a perdição do amor. Os atores são bons mas a protagonista é linda. Tu já está embasbacada no final e a música dos créditos é ótima.
É isso. Fica impossível organizar o pensamento pra falar bem desse filme. Vejam, por favor.


Une nuit, le professeur Robert Langdon, éminent spécialiste de l'étude des symboles, est appelé d'urgence au Louvre : le conservateur du musée a été assassiné, mais avant de mourir, il a laissé de mystérieux symboles...

O Da Vinci digiCode começa na quarta-feira aqui. Pra provar pra Lisi que não é uma questão de remar contra a maré, gastarei 2 horas e 32 minutos pra vê-lo. Quando eu estava aqui em julho, a parada de ônibus do Louvre tinha uma folhinha avisando que não ia funcionar em tais e tais dias, pq eles iam filmar. Tirei foto.
Mas não rolou gastar dias em cima de um livro de mistérios da igreja – not my tipe.


Au sein de cette trame sociale, trois générations de femmes survivent au vent, au feu, et même à la mort, grâce à leur bonté, à leur audace et à une vitalité sans limites.

Volta, Penélope, que a gente te abraça. Não vamos comentar a desastrada aventura de bolsinha de Tom Cruise. Volver começa dia 19 e amanhã vou na exposição do Almodóvar entrar no clima. Cores, cores!


Au sortir de l'adolescence, une jeune fille découvre un monde hostile et codifié, un univers frivole où chacun observe et juge l'autre sans aménité. Elle s'évade dans l'ivresse de la fête et les plaisirs des sens pour réinventer un monde à elle.Y a-t-il un prix à payer ?

Uhú. Essa sou eu tiete. Dia 24 é aniversário da Liege, minha irmã de João XXIII, e também é a estréia do Marie-Antoinette, que Sofia C. escreveu pra Kursten D. O trailer tem um ritmo muito moderninho e a cabeleira loira dela me faz pensar em fãs de Babyshambles, mas deixamos pra falar mais quando eu tiver voltado do cinema, leve que nem pena.

Entrevista com Sofia e todo o kit imprensa aqui.

jeudi, mai 04, 2006

afe



- Posso ir morrer ali um pouquinho e já volto?
- Já é quase meia-noite, tá perigoso.
- Por favoooor. Eu já fiz tudo o que tinha que fazer hoje.
- Tá, mas vai só até o início do túnel de luz. O outro dia quando fui te buscar tu já tava quase na imensidão branca.
- Tá bom, prometo.
- Leto!
- Prometido, porra.

mardi, mai 02, 2006

Elefante surdo

Eu ia reclamar só da trilha sonora* do Cabra Cega, filme do Toni Venturi que vi no festival de cinema brasileiro que rola até hoje. Terminada a projeção e o bate-papo com o diretor, digamos que a lista cresceu um pouquinho.
Matutei por um bom tempo sobre a atmosfera de produção de um filme de baixo orçamento, relativizei o que seriam critérios básicos de qualidade mas não achei desculpas. Ao invés de ligar pra uma escola de línguas, passar um e-mail pra alguém que falasse espanhol, colar as falas no messenger ou qualquer outra coisa fazível em meia-hora pra revisar no máximo uma lauda de roteiro, o moço prefere nos brindar com uma personagem que emigrou da Espanha depois da ditadura franquista mas que, se estiver com sede num bar de esquina em São Paulo, vai pedir pro garçom trazer uma cueca-cuela.
Pegou muito mal, e não é questão de deslocamento cultural. Ele inventou mesmo palavras, fez a velha dizer facia (verbo fazer), teimosso, etc, era impressionante. Aí, na hora do bate-papo pós-filme, quando ele decidiu falar em francês, mesmo com a tradutora ao lado, o mar se abriu num clarão e eu entedi um pouco a lógica.
A visão do Toni Ventura sobre línguas estrangeiras é um tanto desconstrutivista e desafiadora. A platéia precisava saber português E francês pra captar o código que ele estava usando lá na frente. No início virava dans le comence, meu virava motre (mon + votre?), um pouco virava um pé. Meu saldo: conteúdo > zero, frases com início falado e final gesticulado > 25%, neologismos > 40%, utilidade da mocinha parada ao lado com microfone na mão > 5%, vergonha e divertimento que eu senti por ele > 50%.
Ainda bem que o filme era quase todo em cima do protagonista, interpretado pelo Leonardo Medeiros, que eu não conhecia e simpatizei bastante.


*Excluindo um par de músicas da época da ditadura que não tinham como dar errado, a Fernanda Porto, responsável pela música, empurrou a marteladas seqüências de piano pra dar clima sentimental em várias cenas, o que ficou péssimo.

dimanche, avril 30, 2006

In his shoes

Dedicado ao Binho, que andou por aquelas salas

Foi num lugar plantado no meio da Wensceslau Escobar que eu tive as primeiras amostras de como seria a vida adulta fora do mundo dos meus pais e tios. O Quatrum – estava eu pensando estes dias – construiu muitas coisas legais na minha personalidade, por causa das pessoas e não do inglês que eles ensinavam, claro.
Primeiro, foi o André, um dos caras mais altos e magros que eu já devo ter visto. Eu tinha uns 10 anos quando comecei a ter aula com ele, ao lado de uns guris mais velhos que me intimidaram na primeira aula. Com o André tudo era divertido. Mesmo sem lembrar sobre o que a gente conversava (memória de mosca), sei que dávamos muitas gargalhadas e falávamos alto sempre.
Numa páscoa, quando a turma se resumia ao meu colega Jerônimo e a mim, montamos uma equipe que se chamava E.E.E.E., sigla pra Extraordinary Easter Egg Eaters, com logo e afins. Eu e o Jerônimo tínhamos ficados deslocados de todas as turmas porque as nossas mães nunca tinham nos tirado das aulas, o que nos deu um nível muito alto pra ficar com os kids numa idade em que ainda não podíamos ter aula com os teenagers.
Cada vez que a Carmen (a diretora) inventava um festival de música ou teatro pra todo o Quatrum participar, íamos eu, o Jerônimo e o André apresentar as ridiculices que tínhamos preparado na maior empolgação. Hoje me impressiono do pouco medo da pagação de vale que eu tinha. Já cantei Be my baby com um pandeiro na mão! (e só lembrei disso agora enquanto escrevo). O André, muito impagável que era, ficou no meio de nós vestido de bebê chorão, com os seus dois metros de pernas.
Mas eis que um dia ele partiu. Foi pra Londres. Disse que ia ir, mas não disse que era pra sempre. Explicou algo do tipo “vou e não sei ao certo quando volto”. E eu na minha ingenuidade disse “ok”, empolgada as usual. Depois disso, aula sim, aula não, eu parava na frente da mesa da Michele (a secretária) e perguntava “Quando é que o André volta?”, e ela respondia “Não sei ainda”. Essa esperança durou muuuuuuitos meses, até que não lembro se fui eu que me dei conta ou alguma das pessoas do Quatrum que me disse com todas as letras que ele nunca mais ia voltar.
Foi a primeira pessoa que eu perdi na vida, no sentido bom da palavra. Me lembro da sensação ambígua de sentir algo legal por ele ter viajado e algo ruim por nunca mais ter a chance de ser aluna dele. E naquela época eu não sabia dizer em palavras, mas já sabia que ele era gay.
Eu não estava entendendo que estava acumulando as primeiras imagens de vida jovem na minha cabeça. O André nos ensinou a letra de I’ll do my crying in the rain*, do A-Ha, com as lacunas pra completar as palavras, do mesmo jeito que eu faço agora com as músicas dos Novos Baianos. E ele disse que ia voltar e não voltou. Meu pai nunca faria isso, por exemplo, seria muito pouco sério da parte dele decidir de um mês pro outro que vai morar num continente e não no outro.
E mesmo assim não foi uma decepção esse desquite do André. Sim, ele quebrou meu coração de levinho, porque eu adorava as aulas dele, mas foi um despeito que eu tomei com tolerância e, se o tempo não fosse linear, diria que a tolerância veio deste momento presente. Hoje ele deve beirar os 40. Eu, bem, vocês já sabem a idade que eu tenho.

*música que a Lisi gravou num CD pra mim e que é o provável estopim dessa avalanche gostosa de souvenirs.
**Um próximo post sairá dedicado à Debbie, a guria mais querida que aquela escola jamais vai ter (dúvidas sobre a tradução correta de will ever have).

jeudi, avril 27, 2006

Imprensa marrom


Lucas em momento de levitanisse. Bótimo.

mercredi, avril 26, 2006

O coração gelado

Titou,
reste en paix dans cet autre monde que tu as choisi mais qui n'est plus le notre.

quer dizer:

Titou,
fica em paz nesse outro mundo que escolheste mas que não é mais o nosso.

Eu estava voltando pra casa quando vi rosas brancas na escada da escola que tem em frente ao meu prédio. E recados, um desenho e uma montagem de fotos desse guri, Titou, que se matou.
A presença da morte pára mesmo tudo, com o perdão da redundância grosseira. Nem lembro que pensamento rápido estava tendo logo antes de ver isso.

vendredi, avril 14, 2006

The nearness of you

UN

- Faz tempo que tu tá aí?
- Um pouco. Olha o que eu comprei.
DEUX

- Hehe, "recent best-selling novel".
- Hehe. Mas qual que é a linha que diz no livro?
- Essa daqui.

TROIS

- Quem não me conhece vai me achar uma doncoca.
- Muito bom com a mãozinha. Tá entre Lady Di e Victoria Beckham.

QUATRE

-Viu como as pessoas nem se vestem tão bem assim aqui?

- Aham.

CINQUE

- As cidades tinham que ser visitadas duas vezes, no mínimo. Uma pra conhecer, outra pra avacalhar.
- Aham.


- Acho que volto várias vezes.
- Isso.


SIX

- Tira uma pra minha mãe, ela tá reclamando que eu não mando fotos.
- "Pas de photos dans le musée".
- Adoro as luzes dessa câmera. Boa.

SEPT

- Minhas pernas tão doendo, tô cansada.

- Eu também, vamo embora.

- Nove e quinze. A gente não vai chegar no show.

- É.

dimanche, avril 09, 2006

pausa

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mercredi, avril 05, 2006

pensa, leticia. pensa. planeja, confabula, faz contato

alguém lê isto? pas vraiment, non? eu não muito.
mas o que eu realmente quero saber é: quem paga a gin tônica que eu estou tomando? hein?!

papi, that's me and you again, sorry..
prometo me esforçar mais amanhã.

samedi, avril 01, 2006

Zéro Melanine

Eu e Amanda no vestiário da piscina, colocando as toucas na cabeça.

Amanda: - Cê tá branquinha, né?
Eu (colocando a mão no rosto): - Tu tá me achando pálida?
Amanda (olhando pras minhas pernas): - Não, assim, branquinha de cor. No Brasil cê não era assim não, era?
Eu: - Era, Amanda, era. Vamos nadar.

A verdadeira vida de mentira



tudo pode ser considerado igual ao que parece, mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. A peruca é a mesma, mas uma estava no Japão e era meio gordinha e a outra tinha problemas de relacionamento.

mercredi, mars 29, 2006

aberta a temporada de socação de coisas na mala da lisi



Lois Lane está de malas prontas. Ops, malas não! Tem uma que é só minha e que ainda não está cheia!! Pedidos de bobagens européias podem ser feitos porque, uma vez esvaziada, a mala volta com ela pra POA com alguns casacos de inverno. Em troca, aceito toda espécie de badulaque porto-alegrense, piada interna, flyer de festa, demo de banda de garagem nova, coisa de camelô, foto em papel, carta manuscrita.
Mas, claro que, pra alívio da Lisi, os únicos obrigados a comparecer nessa gincana além da minha mãe são o Nunes (a idéia da fita foi boa, né?), a Pri (fotos) e o Dr. Vassarath (pra sair do número pífio de uma carta à mão).
Foi!

mardi, mars 28, 2006

Sábado eu saí de vestido sem meia-calça por baixo, domingo eu desci de chinelo no bar da esquina, hoje à noite eu joguei o edredon longe e ultimamente tem caído uns torós ao melhor estilo Porto Alegre pra baixar o termômetro. Ele chega, ele chega!!!


(foto: Paris Plage 2004)













Eu amo o irmão da Maggie, mas ele ama aquele outro moço... e ele tem razão

Finalmente acertei o horário de ir ver Brokeback Mountain, cujo fenômeno de receptividade entre os homens hetero da minha vizinhança social me fazia dar umas risadinhas curiosas.
E agradeço ao terceiro milênio com a sua luta contra a homofobia e também ao fenômeno social que empurra pra atmosfera gay o imaginário do amor romântico. Só assim podemos ter o Jake Gyllenhaal e a sua boca perfeitamente desenhada pra tela grande em plena ação com o tal loirinho Coração Valente, grande surpresa.
Eu já estava de saco cheio desse mundo cheio de bunda de mulher. Não que a exploração da raça me ofendesse, porque eu não tenho nenhuma solidariedade com a raça, mas vixe, como precisávamos de outra estética!
Se é a redenção de todos os homossexuais um dia esteriotipados de vulgares e sujos, não vou dizer que não me importo, mas enfim, que seja.
Mas o que eu gostei mesmo é de ver as cerejas de Hollywood dando beijo de língua.

samedi, mars 18, 2006

Météo sympathique

faz 4 dias que tem sol aqui.
eu estou apaixonada por ele.
o problema é que com isso não consigo entrar no cinema pra usar a minha carta nova. olho pra rua e ele tá lá ainda. quero ficar olhando pra ele o tempo inteiro.

vendredi, mars 17, 2006

naquela casa torta

eu quero um apê alugado com o meu dinheiro barato, entre a demétrio e a borges. com um salário pequeno (e) - burguês, com os convidados escolhidos a dedo, noites que terminam tarde mas com cerveja barata.
eu quero uma chave que custa R$ 5 pra fazer cópia, uma carteira fácil de ser assaltada, um lençol que leva 20 minutos de ônibus pra ser lavado na máquina, na casa da gente, no refúgio familiar que é tão longe e tão perto de um laboratório juvenil-químico bem protegido.
eu quero ser ilegal sem correr o risco de ser deportada, sem ser a francesa na vida de meia dúzia, sem dizer "então, acho que fico até...".

samedi, mars 11, 2006

My bloody valentines

Quando a gente olha pro lado côncavo de uma colher o nosso reflexo fica de ponta cabeça. Mas quando a gente olha pro lado convexo, ele fica normal. Além disso, o sol pode estar tanto do lado onde a gente enxerga a bola brilhante quanto do lado onde a luz chega e tudo fica iluminado.
Quem falou a primeira frase foi a Alice, 7 anos, numa das quartas-feiras em que a gente fica juntas, e a segunda foi observação do Dionisio, 3, na grama que vai da escola até o teatro. Todos os dias é assim. A vontade de matar eles quando eu não tenho autoridade intercala com essas coisas ótimas. Eu ganho beijos de graça, brinco de jogar bolas de neve nos carros, conheço todos os personagens do Rei Babar.
Outro dia, eu só podia responder as perguntas com “exactement” ou “pas du tout”. “Sim” e “não” estavam proibidos. E o balão até que podia encostar no chão se a gente deixasse cair, desde que ele continuasse sempre se mexendo. Quando chega na página da rainha Úrsula e do rei Cyprien do país das aves, a gente diz que o da direita é a rainha e o da esquerda é o rei, mesmo se no livro estiver dizendo contrário.
E por isso a miséria do salário é bobagem. Eu aprendi a dizer “pepino” com uma loirinha adorável que ia descrevendo o bendito legume, e toda vez que eu chego na escolinha, às 17h, tem alguém que quase me arranca no nariz fora só pra conferir se o piercing continua lá.

“Eu fui ao museu”

Hiatos e ditongos são o pesadelo do meu aluno de português, um nerd trintão muito boa gente. É que em francês duas vogais quase sempre fazem um só som, como as nossas professoras penavam em nos explicar.
Mas a coisa avança com o Loïc. Em passinhos de tartaruga, mas avança. Era por isso o Jota Quest, Cari. Porque a música é uma maneira lúdica de aprender... E gasta um monte de tempo da aula, em que tu não tem que ficar explicando pronomes – hohoh.
Mas veja bem. Não é charlatanismo. As pessoas que querem aprender português são realmente apaixonadas pelo Brasil, e quanto mais vezes eu páro pra explicar os usos do “pois é” ou a semana de três dias dos deputados em Brasília, mais ele aprende sobre a cultura (vista através dos meus próprios preconceitos, mas e daí?).
Todos que me procuraram pra aulas têm planos de ir morar no país tropical, é uma coqueluche só.
E nesta semana que começa, mais duas cobaias vão cair na teia da excêntrica didática de Lutécia Poittevin.
Bom dia! (é o que eles dizem sempre no início).

jeudi, mars 09, 2006

já vou, já vou, já vou

querendo parar aqui na frente da tela e não encontrando os minutos.
porre em segunda-feira não ajuda.
amanhã cantarei Jota Quest às 8h30min. resolvi perguntar pro aluno que tipo de música ele preferia. big mistake.

mardi, février 21, 2006

lundi, février 20, 2006


No caminho de volta do aeroporto, se instalou uma estranha sensação de que a vida era ali e naquele momento; o deslocamento tinha se deslocado pra algum outro lugar.
[hoje acordei e já perdi um pouco disso.
talvez volte. me aliviaria.]
olhei pra janela, senti um quentinho do último abraço de jaqueta branca.
fisicamente desaparecida.
chorei na frente de um casal de gays que discutiam o jantar na casa de amigos.
tenho que pedir prazo pras minhas entregas hoje.

lundi, février 06, 2006


Nãna Laura chega amanhã. Votos de dias ótimos nestas férias forçadas.

dimanche, février 05, 2006

Era só uma brincadeira, poxa

Sim, tu já tentou imitar aquele sotaque nordestino e, por causa do álcool, ele acabou saindo catarina. Já tentou também falar tri bem aquela língua estrangeira pra agradar a tal fulaninha e te embananou - por causa das cervejas.
Mas o que vai nos unir esta noite é a vez em que tu tentou fazer o pior que podia com uma língua e se deu terrivelmente mal por isso.
Explico:
chego no bar pra exorcizar 12 horas de babysitting superbem sucedidas. Pergunto se posso entrar com a lata de cerveja que tenho na mão.
Levo o primeiro xingão.
Termino a lata, tento de novo.
Levo o segundo xingão, culpa das outras duas latas que seguiam na bolsa (escondidas dentro do gorro, hehehhe).
Bebo tudo - meninas também arrotam -, tento pela terceira vez.
Levo o xingão mais elaborado que o porteiro dará em semanas. Era pessoal mesmo.
Que eu tinha feito ele de trouxa. Que eu tinha ficado bebendo na frente do bar. Que isso não se faz. Que eu entendo perfeitamente bem o que ele diz e não adianta mentir.
Poxa, nunca uma defesa baseada num mal-entendido cultural foi tão esfarrapada.
Fiquei 5 minutos entre me explicar e falar pior do que eu sabia e, claro, com 2 latas de 5cl de guti-guti em cima, falei bem quando queria bancar a gringa e argumentei mal quando queria bancar a cartesiana.
Era pra virar a noite.
Algo não muito comum aqui.
Era pra comemorar que o meu dia com uma criança tinha saído às maravilhas.
Mas ok. Esse mal-humor AINDA me diverte. espero que dure. Pq o frio na cara já tá me irritando.

lundi, janvier 23, 2006

Semiologia

Esta imagem lembra alguma coisa?Le procès des HLM de Paris s'ouvre après douze ans de coups de théâtre
Douze ans après l'ouverture d'une enquête dont les rebondissements ont secoué jusqu'à l'Elysée, le procès sur des malversations financières de l'office HLM de Paris, qui auraient servi au financement occulte du RPR, s'ouvre ce lundi à Paris.
Repère Chirac et les affaires
Thématique Alain Juppé, le rescapé Forum

samedi, janvier 21, 2006

Não dá pra ser ratona assim

Teoricamente, a vantagem de morar aqui é poder VER e OUVIR um artista na ocasião de um ciclo de homenagens, como está acontecendo com a deusa indescritível Isabelle Huppert.
Mesmo assim, através de um laborioso esforço de auto-sabotagem - que me fez adiar por dias uma rápida consulta na internet -, consegui perder.
Consegui perder ela lendo textos do Bergman e da Françoise Sagan!

Lecture par Isabelle Huppert de textes d'Ingmar Bergman et de Françoise Sagan.
- Ingmar Bergman : une nouvelle intitulée Une affaire d'âme, écrite en 1972, et publiée en France en 2002 aux éditions des Cahiers du cinéma.
- Françoise Sagan : un texte extrait de son livre, Avec mon meilleur souvenir (1984), et consacré à Orson Welles.
Durée : 1h environ.Vendredi 20 janvier, salle Henri Langlois, 17h30


Dia muito triste em Paris.
Agora tenho que me contentar com a minha revista Elle que estampa a IsabElle na capa.
Dá no mesmo que morar em Jaguarão.

vendredi, janvier 20, 2006

...J'aime bien les enfants... :)

Sim, eu pronunciei essa frase.
Em francês, ela saiu numa impunidade porreta.
Imaginava que dizer essas coisas que a gente abomina sempre vinham junto com caretas, tipo aquele filme do Jim Carrey em que ele tenta tenta tenta mentir e não consegue, só se contorce.
Pois bem.
Eu falei e sorri depois.
Talvez o meu cabelo comece a cair na seqüência, ou a minha sobrancelha fique verde, veremos.

lundi, janvier 16, 2006

Pra tirar um ponto positivo do calor daí, vai

Melhores laboratórios de pesquisa cosmética do mundo.
Um só motivo: água que dá rugas e ar que puxa.
Abençoadas as mulheres de climas amazonenses como o de POA.
Sim, pq não é pq eu fiz 24 q os pés de galinha iam sair duma hora pra outra, né??

vendredi, janvier 13, 2006

Journée burocratique x 2

Elas não terminam nunca...

lundi, janvier 09, 2006

Hermana helvética

Vamos “racontar”* aqui um pouco das minhas férias alpinas. Como a própria alusão à Suíça já arranca suspiros do tipo “hmm, que chiiiiique”, não vou me esforçar em montar o cenário pacato e familiar onde os meus Natal e Ano Novo se desenrolaram. As montanhas são a coisa mais linda que existe e sim, é um luxo tomar vinho feito pela gente do local.
Duas coisas interessantes que eu não tinha notado antes: 1) A altitude te deixa lerda. 2) A altitude te deixa bêbada no segundo copo – seja de cerveja ou de Martini. Ter isso em mente foi muito importante para entender as estranhas sensações que aquele tempo seco e frio me traziam. Cheguei pra ficar 4 dias, pois a prefeitura de Paris conseguiu marcar o meu exame médico pro dia 28, no vão em que NINGUÉM trabalha ou faz nada, muito menos os burocratas, o que me pareceu uma grande injustiça. Na véspera do exame, o liguei o “foda-se” e foi muito melhor assim.

*quem tem contato com famílias bilíngües já conhece esse asqueroso vício de traduzir palavras a marteladas e falar num dialeto tão feio quanto a linguagem internética dos adolescentes atuais.

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Minhas primas e tia moram na cidadezinha de Sion, no térreo do Canton du Valais. No sudoeste deste mapa:



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A minha lista de presentes de Natal inclui uma mini panelinha de fondue e – o melhor e mais esperado presente de todos os tempos – um canivete suíço. Que eu passei a oferecer a toda e qualquer pessoa que esboçasse dificuldade em cortar um papelzinho ou abrir uma embalagem.
Como já contei, eu e o foie gras passamos bons momentos juntos, alegrando-nos de ver que ainda estávamos lá no dia 25 ao meio-dia e também no 31.

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Na Suíça, o tempo se divide em pausas para cafés e pausas para lanchinhos. É comum sair para fazer compras, tomar um café antes pra se preparar, outro depois porque a corrida foi cansativa e, ao receber um telefonema, pegar o carro e ir sentar em outro bar pra repetir a rodinha em volta da mesa.


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Era tarefa da minha tia me entupir de roupas novas, tomar providências que eu nunca faria sozinha aqui (tipo pintar o cabelo e comprar um creme caro para as mãos), me dar comida e se certificar que eu estocasse calorias. Eu não gosto de recusar as coisas, então voltamos eu e a mochila bastante mais pesadas.

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Nesses dias lá eu fui no cinema ver Bombon, el Perro, li o livrinho da Beauvoir Les belles images (meio maravilhoso e final péssimo), vi American Beauty, About a boy, Almost Famous, Il est plus facile pour un chameau e GREASE na TV, este último me deixando decidida a um dia ter o corpo da Sandy Olsson e ir vestida assim pruma festa à fantasia:

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Uma das partes mais marcantes das minhas férias foi, claro, a convivência com a minha divertida prima Claudia Sabina Valente. Ela me faz lembrar pra que nós caçulas viemos ao mundo, o que não é pouca coisa.


Caçulas são sempre mais legais, claro.
Caçulas nunca perdem a rebeldia.
Caçulas são a graça da casa.
Mas são mais pentelhas também.
Adoram ser drama queens.
Acham que podem tudo porque são “sensíveis”.
Adoram fazer suas irmãs mais velhas parecerem desinteressantes, mesmo que o apartamento mobiliado não ajude a provar o contrário.
Amam e odeiam tanto a sua mãe que correm o risco de nunca sair de casa.

Ah, juro. No fundo acho que minha tia queria que eu colocasse ela nos trilhos, mas eu fiz mais é me perturbar com essa imagem de mim mesma antes da “maturidade”. Mas só com ela inventamos coisas inoubliables tipo comprar um pulôver de presente prum estranho que ela considerou “um namorado ideal” – e que não estava mais no café quando voltamos pra entregar.

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Faltando poucos dias pro Ano Novo, a Ângela, uma brasileira que mora lá e é atriz, me ofereceu um bico numa discoteca chique na montanha. Beleza. O chefe ia me buscar e me levar de volta. Trabalho duro, das 22h às 5h, dinheiro dependo das gorjetas. Clientes satisfeitos, pagamento gordo. Foram só três dias e a quantidade de francos suíços foi tanta que eu não tenho mais maneiras de dizer pra minha família que só o que eu fiz foi guardar casacos na chapelaria. Só o que eu posso dizer é: alta temporada, estação de esqui com lojas Prada e Chanel, filhos da máfia italiana em peso, hábito de não roubar muito valorizado entre os donos de discoteca. Acreditem em mim.