lundi, mars 12, 2007

encomenda esquecida




"Je peux très bien vivre sans avoir un landau à pousser".

Muito contente com as minhas amigas reais, sempre tive, à côté, uma lista de amigas imaginárias, pontenciais, mulheres que eu gostaria muito de conhecer e ter na minha volta. Uma cabeleireira que precisasse de uma cobaia, por exemplo. Uma escritora. Eu gostaria de ser amiga da Virginia Woolf, apesar da depressão. Uma aeromoça - já tentei transformar uma amiga real em aeromoça, mas acho que ela está mas feliz agora, pagando suas passagens. E sempre quis ter uma amiga que desgostasse de bebês. Que tivesse uma certa repulsa.

Encontrei ela neste fim de semana, no meio do café que a gente tomava na calçada, no meio de todas as outras coisas que me agradam nessa pessoa. Foi mais simpático que encontrar 100 euros na rua. Mais simpático, aliás, do que encontrar minha amiga fictícia milionária.

dimanche, mars 04, 2007

Meta-ensino, uma prática francesa

Não é a primeira vez que me acontece. Eu sento numa aula. No caso, uma aula proferida pela vice-presidente da associação de sociólogos de língua francesa, detalhe que eu não sabia no momento da inscrição, evidentemente. Eu sento e começo a escutar aquela aula bem estruturada, com os tópicos perfeitamente entrelaçados uns nos outros.
A fala decorre, citando todo tipo de gente que já escreveu sobre a vírgula em questão. A dona da fala faz uma pausa a cada citação, pergunta na sala quem já leu este autor, esta obra, se espanta com a ausência de mãos levantadas. Prossegue um pouco contrariada mas também um pouco confiante, porque, ela, ao menos, já leu toda essa gente e ela, ao menos, é a que está no banco do professor e ela, ao menos, pode tentar, ao longo do semestre, nos tirar do limbo ignorante em que nos encontramos com as suas 20 ou 25 indicações de obras básicas por aula.
Eu sigo sentada e me apavoro. E me afundo na tendinite anotando todo e qualquer suspiro - por precaução -, para decidir depois quais serão as obras básicas que enternecerão meus olhos. É frustrante, mas, mesmo depois de um ano, eu ainda erro a ortografia dos nomes que escuto, o que me garante embaraços tênues em frente ao buscador da biblioteca - fato que a tecnologia me permite esconder dos outros.
Então, já não mais sentada, eu pesco tudo o que, dentro das minhas capacidades, considero útil para a tal viagem além limbo. Começo a jornada e, como é praxe, não a termino antes da próxima aula. Frustrada mas confiante no entendimento do que vi até então, sento no mesmo lugar, com o desafio de acompanhar outra fala e preencher as lacunas da minha leitura a partir da minha astúcia e percepção - frenesi bastante útil para turbinar o café recém tomado.
Eis que, sentada no mesmo lugar onde massacrou nossa formação prévia ao seu encontro, a professora faz uma medíocre explicação dos seus horários corridos, retoma a folha que usou na aula passada e apresenta, mais uma vez, o plano do seminário, repetindo tudo o que disse até então. Bravo!