dimanche, avril 30, 2006

In his shoes

Dedicado ao Binho, que andou por aquelas salas

Foi num lugar plantado no meio da Wensceslau Escobar que eu tive as primeiras amostras de como seria a vida adulta fora do mundo dos meus pais e tios. O Quatrum – estava eu pensando estes dias – construiu muitas coisas legais na minha personalidade, por causa das pessoas e não do inglês que eles ensinavam, claro.
Primeiro, foi o André, um dos caras mais altos e magros que eu já devo ter visto. Eu tinha uns 10 anos quando comecei a ter aula com ele, ao lado de uns guris mais velhos que me intimidaram na primeira aula. Com o André tudo era divertido. Mesmo sem lembrar sobre o que a gente conversava (memória de mosca), sei que dávamos muitas gargalhadas e falávamos alto sempre.
Numa páscoa, quando a turma se resumia ao meu colega Jerônimo e a mim, montamos uma equipe que se chamava E.E.E.E., sigla pra Extraordinary Easter Egg Eaters, com logo e afins. Eu e o Jerônimo tínhamos ficados deslocados de todas as turmas porque as nossas mães nunca tinham nos tirado das aulas, o que nos deu um nível muito alto pra ficar com os kids numa idade em que ainda não podíamos ter aula com os teenagers.
Cada vez que a Carmen (a diretora) inventava um festival de música ou teatro pra todo o Quatrum participar, íamos eu, o Jerônimo e o André apresentar as ridiculices que tínhamos preparado na maior empolgação. Hoje me impressiono do pouco medo da pagação de vale que eu tinha. Já cantei Be my baby com um pandeiro na mão! (e só lembrei disso agora enquanto escrevo). O André, muito impagável que era, ficou no meio de nós vestido de bebê chorão, com os seus dois metros de pernas.
Mas eis que um dia ele partiu. Foi pra Londres. Disse que ia ir, mas não disse que era pra sempre. Explicou algo do tipo “vou e não sei ao certo quando volto”. E eu na minha ingenuidade disse “ok”, empolgada as usual. Depois disso, aula sim, aula não, eu parava na frente da mesa da Michele (a secretária) e perguntava “Quando é que o André volta?”, e ela respondia “Não sei ainda”. Essa esperança durou muuuuuuitos meses, até que não lembro se fui eu que me dei conta ou alguma das pessoas do Quatrum que me disse com todas as letras que ele nunca mais ia voltar.
Foi a primeira pessoa que eu perdi na vida, no sentido bom da palavra. Me lembro da sensação ambígua de sentir algo legal por ele ter viajado e algo ruim por nunca mais ter a chance de ser aluna dele. E naquela época eu não sabia dizer em palavras, mas já sabia que ele era gay.
Eu não estava entendendo que estava acumulando as primeiras imagens de vida jovem na minha cabeça. O André nos ensinou a letra de I’ll do my crying in the rain*, do A-Ha, com as lacunas pra completar as palavras, do mesmo jeito que eu faço agora com as músicas dos Novos Baianos. E ele disse que ia voltar e não voltou. Meu pai nunca faria isso, por exemplo, seria muito pouco sério da parte dele decidir de um mês pro outro que vai morar num continente e não no outro.
E mesmo assim não foi uma decepção esse desquite do André. Sim, ele quebrou meu coração de levinho, porque eu adorava as aulas dele, mas foi um despeito que eu tomei com tolerância e, se o tempo não fosse linear, diria que a tolerância veio deste momento presente. Hoje ele deve beirar os 40. Eu, bem, vocês já sabem a idade que eu tenho.

*música que a Lisi gravou num CD pra mim e que é o provável estopim dessa avalanche gostosa de souvenirs.
**Um próximo post sairá dedicado à Debbie, a guria mais querida que aquela escola jamais vai ter (dúvidas sobre a tradução correta de will ever have).

jeudi, avril 27, 2006

Imprensa marrom


Lucas em momento de levitanisse. Bótimo.

mercredi, avril 26, 2006

O coração gelado

Titou,
reste en paix dans cet autre monde que tu as choisi mais qui n'est plus le notre.

quer dizer:

Titou,
fica em paz nesse outro mundo que escolheste mas que não é mais o nosso.

Eu estava voltando pra casa quando vi rosas brancas na escada da escola que tem em frente ao meu prédio. E recados, um desenho e uma montagem de fotos desse guri, Titou, que se matou.
A presença da morte pára mesmo tudo, com o perdão da redundância grosseira. Nem lembro que pensamento rápido estava tendo logo antes de ver isso.

vendredi, avril 14, 2006

The nearness of you

UN

- Faz tempo que tu tá aí?
- Um pouco. Olha o que eu comprei.
DEUX

- Hehe, "recent best-selling novel".
- Hehe. Mas qual que é a linha que diz no livro?
- Essa daqui.

TROIS

- Quem não me conhece vai me achar uma doncoca.
- Muito bom com a mãozinha. Tá entre Lady Di e Victoria Beckham.

QUATRE

-Viu como as pessoas nem se vestem tão bem assim aqui?

- Aham.

CINQUE

- As cidades tinham que ser visitadas duas vezes, no mínimo. Uma pra conhecer, outra pra avacalhar.
- Aham.


- Acho que volto várias vezes.
- Isso.


SIX

- Tira uma pra minha mãe, ela tá reclamando que eu não mando fotos.
- "Pas de photos dans le musée".
- Adoro as luzes dessa câmera. Boa.

SEPT

- Minhas pernas tão doendo, tô cansada.

- Eu também, vamo embora.

- Nove e quinze. A gente não vai chegar no show.

- É.

dimanche, avril 09, 2006

pausa

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mercredi, avril 05, 2006

pensa, leticia. pensa. planeja, confabula, faz contato

alguém lê isto? pas vraiment, non? eu não muito.
mas o que eu realmente quero saber é: quem paga a gin tônica que eu estou tomando? hein?!

papi, that's me and you again, sorry..
prometo me esforçar mais amanhã.

samedi, avril 01, 2006

Zéro Melanine

Eu e Amanda no vestiário da piscina, colocando as toucas na cabeça.

Amanda: - Cê tá branquinha, né?
Eu (colocando a mão no rosto): - Tu tá me achando pálida?
Amanda (olhando pras minhas pernas): - Não, assim, branquinha de cor. No Brasil cê não era assim não, era?
Eu: - Era, Amanda, era. Vamos nadar.

A verdadeira vida de mentira



tudo pode ser considerado igual ao que parece, mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. A peruca é a mesma, mas uma estava no Japão e era meio gordinha e a outra tinha problemas de relacionamento.