dimanche, juin 12, 2005

numa banheira, o corpo entra, a água sai

quando alguém te ama tu esquece que pode ser repugnante aos olhos dos outros.
esquece de pedir licença pra existir e sai caminhando, como se houvesse espaço - e não há? - pra todo mundo circular por cima da terra.
e ganha um quente em volta do pescoço, que é figurativo e físico ao mesmo tempo.
anda mais leve e mais pesada, com culpa e com alívio,
com tanta certeza de que alguém te ama que chega a dar curiosidade de ver o outro lado.

ainda que tudo acabe amanhã ou em três anos, não dá pra montar o fim, o desgosto e a cara de nojo.
todas as tentativas, fantasias de fugas e desilusão, é tudo pra tentar lembrar que o desamor existe,
pra enfrentar um caos que não é ali.
quando alguém te ama tu fecha o casaco e abre a porta pra sair com a cara menos fechada do que normalmente, enfrenta o frio e os olhos conhecidos com menos elegância.
o que se faz dessa prisão é o que preenche os nossos dias. juntos, separados, no telefone. até que não mais. e aí eu descubro de novo o que acontece.

lundi, juin 06, 2005

roteiro aberto

chegou a hora de testar a força da web. vai aí o primeiro recado geral. Estou indo pra Paris daqui a duas semanas e agradeço enormemente dicas de qualquer espécie.

jornalismo se faz sendo inteligente

Hoje achei alguém pra admirar. Depois de meses de observação curiosa, fui lá e preenchi uma ficha no fã clube da Mônica Bergamo, que assina a página 2 do caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo. Se alguém consegue fazer jornalismo social ficar interessante, esse alguém merece respeito, não?
Ela não muda a temática pra elevar o nível da coluna. Os assuntos são os fúteis mesmo, e a linguagem é leve. Mas é sempre sob um ângulo ótimo, jornalismo de verdade, timing e edição supercombinados. Por exemplo. Na época das eleições pra prefeitura de São Paulo, ela fez uma série estilo "Um dia na vida de.." com todas as candidatas a primeiras-damas. A página da Sílvia Maluf ficou no meu mural por semanas, de tão perfeita que era.
Depois disso, ela entrevistou uma princesa árabe que tinha sido trazida pro Brasil e queimada inteira pelo noivo; mostrou o funcionamento da "hiper" Daslu e hoje fez a tradicional pauta pré-dia dos namorados com homens casados com jornalistas ocupadas. E tá lá a foto do marido da Ana Paula Padrão, pivô de todo o bolo, que eu não tinha visto na imprensa ainda depois da demissão. É ou não é oportuno?

samedi, juin 04, 2005

Ok

Fazer certo é uma coisa que a gente tenta. Mas nem sei pra quê o esforço. Não acredito que alguém consiga atingir o outro. De verdade. Não acho que desmereça o esforço, mas a eficácia de surtos de modos vivendis e faniquitos invasivos é tão dúbia que o desgaste só vale pela fricção.Quantas vezes ouvi no meio de uma frase que falava sobre comida uma verdade sobre o meu egoísmo. Pessoas falando são um mistério. Elas pensam que conseguem tanto. Eu penso. Tantas vezes. E agora só tenho que rir. Os meus maiores foras, tapas de luvas, lições, puxadas de calças e choques de admiração aconteceram sem que a pessoa se desse conta. Ou intencionasse. Não acho que ninguém deva parar de tentar, mas o resultado é aleatório. Peça pra alguém te confiar, receba um carinho. Peça um pouco de piedade, receba uma conversa franca. Nunca é o combo exato. Mas a reação é um prova.

vendredi, juin 03, 2005

mamis e papis de papel

Uma coisa que eu não entendi. Por que o projeto muito boa intenção da licença-maternidade para pais adotivos - senadora Maria do Carmo Alves (PFL-SE) - tem as mesmas diferenças de tempo de licença que a lei pra pais biológicos?
Se nem a mãe nem o pai adotivo passaram por parto, por que só a mulher tem o direito de se dedicar ao pirralho integralmente? Não dava pra deixar essa decisão pro casal, que, como a situação comprova, é bem competente e compromissado pra escolher grandes mudanças de vida?
Ou só os homens têm necessidades laborais urgentes???
Ou só as mulheres tem o gene da lida com bebês???
Nesse ritmo, gays vão demorar muito pra poder serem pais por aqui, enquanto que lésbicas talvez ganhem logo um lar ideal de dois pais presentes por três meses.
Hã!

mercredi, juin 01, 2005

estúpida letícia

Eu não uso relógio porque não gosto de saber as horas. Chego a gritar "não quero saber!" quando alguém estica o pulso e se prepara pra responder à pergunta - que não fui eu que fiz, óbvio. Mesmo assim, escolhi uma profissão em que o tempo é tão importante quanto a qualidade.
Não dá pra entender.