dimanche, juin 12, 2005

numa banheira, o corpo entra, a água sai

quando alguém te ama tu esquece que pode ser repugnante aos olhos dos outros.
esquece de pedir licença pra existir e sai caminhando, como se houvesse espaço - e não há? - pra todo mundo circular por cima da terra.
e ganha um quente em volta do pescoço, que é figurativo e físico ao mesmo tempo.
anda mais leve e mais pesada, com culpa e com alívio,
com tanta certeza de que alguém te ama que chega a dar curiosidade de ver o outro lado.

ainda que tudo acabe amanhã ou em três anos, não dá pra montar o fim, o desgosto e a cara de nojo.
todas as tentativas, fantasias de fugas e desilusão, é tudo pra tentar lembrar que o desamor existe,
pra enfrentar um caos que não é ali.
quando alguém te ama tu fecha o casaco e abre a porta pra sair com a cara menos fechada do que normalmente, enfrenta o frio e os olhos conhecidos com menos elegância.
o que se faz dessa prisão é o que preenche os nossos dias. juntos, separados, no telefone. até que não mais. e aí eu descubro de novo o que acontece.

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