É só um relato de sonho. Pode desistir agora se quiser.
Eu olho pelo janelão dessa casa térrea que está me abrigando numa cidade estrangeira. Eu tenho mil assuntos pessoais me atordoando no momento. Eu tento não tornar isso explícito para os anfitriões, afinal, eles são uma família. Mas eis que eles me surpreendem. A mãe e a criança, pq o pai não aparece.
Pego a criança no colo, virada pra frente, na mesa que eles têm na cozinha. E ele (menininho) vai me contando sobre a adoção."O nome dos meus pais é Pamela não-sei-o-que e João não-lembro-o-sobrenome. Eles não podiam me criar quando eu nasci, então a minha mãe me pegou". E segue uma história de adoção das mais lúcidas já contadas, com o detalhe dos nomes completos dos pais, e a cidade onde eles moram, e como alguns adultos tinham metido os pés pelas mãos nessa história, e lalalá. Quase tremo um pouco, achando que estou segurando o Chucky no colo, de tão claro e consciente que o guri fala.
E então a mãe me pergunta."Eu preciso saber. Eu estou muito curiosa pra saber de toda a 'ação' (com todas as aspas mesmo) que tem rolado no teu quarto. Eu até já coloquei um copo na parede esses dias". Eis que eu explico que "ação" não tem acontecido comigo, mas com alguém muito próximo, e aí o sonho dá um pulo.
Num apartamento de conhecidos nessa mesma cidade, há suspeitas de invasão. Pessoas confabulam para tentar achar um culpado, que talvez seja alguém próximo com uma chave. Eu não sou a culpada, mas me vejo dando os próximos passos do invasor como se tivesse começado tudo. Subo pela escada, a porta é daquelas com frestinhas, de cima a baixo. Coloco a chave na fechadura - ainda não sei que tipo de ato ilícito vou fazer lá além de entrar - e, como sou muito cagada, desisto quando ouço um barulho. A porta fica "encostada", eu desco o primeiro lance e, da metade da escada, a luz de dentro do apartamento deixa ver que alguém espia pelas frestas. Alguém me viu.
Saio pra rua e já está quase escurecendo. A minha dúvida é se volto pra casa emprestada ou sigo caminhando nessa cidade que eu não conheço.
dimanche, août 21, 2005
vendredi, août 19, 2005
Só o Neil Young é certo
Tem tempo que eu penso na certeza que a gente precisa pra levantar da cama. E em como só se vive de preto e branco. Nem que seja uma vez por dia. Só a oposição salva. Isso é meio triste, que ninguém consiga respeitar e falar ao mesmo tempo.
Os olhares perdidos que se instalam na nossa cara, antes de serem espantados sem um pensamento que seja, são só a única maneira de ser relativo. De admitir que não se tem certeza do que se está falando, da vida que se está vivendo. Que o mundo realmente não deu nenhuma resposta satisfatória. E poxa, não dá pra ficar assim muito tempo, por mais que seja uma atitude sincera. Nada permite. O trabalho precisa de teses, os amigos precisam uma identidade pra jogar referências e dicas.
E essa segurança que se ganha pra poder ganhar o mundo vai e vem, mais forte algumas vezes, mas sempre coçando pra avisar que ela não é real, só uma base de operação. Sempre foi bom ter épocas em que os inimigos estavam bem definidos.(Os inimigos típicos, eu digo, porque nunca tive ódios verdadeiros na vida). Que alívio poder chutar, cuspir e se apavorar com a vida dos outros. Dar toda a volta, da proximidade à pena, montando os pés naquilo que está fora pra poder criar afirmações próprias e respirar tranqüila.
Ter um nome pelo qual ser chamada. Saber os bons. Os ruins. Os perturbados. Os que nunca entenderão o que eu penso. Os que são gente da minha gente. Os que conhecem o que me ofende. Todo mundo precisa disso. Todo mundo dá um jeito de ter isso. Nem que seja através de um coment num site de alguém perdido em outro continente.
E às vezes eu me pego com essa dúvida. Pensando na cara que os imperadores romanos faziam bem quando sentiam a faca dos seus companheiros fiéis lhes esfriando a carne. Juro que penso. Mais de uma vez. Um rosto de susto. De que nada valeu a pena. Sei lá. Traição é uma maneira de colocar, mas a preocupação é basicamente sobre certezas. Sobre estar enganado. Sobre ficar completamente perdido ao sentir essas coisas básicas balançarem.
Por exemplo. Quando eu era pequena, eu ficava pensando, só trabalhando na hipótese de todos da minha família (um pai, uma mãe e uma irmã maior) se virarem pra mim um dia, tirarem lentamente as máscaras de gente e mostrarem que eram lobos. Falando assim parece que eu tinha medo ou que era maltratada, ou que nunca aprendi a amar. Nada disso. Só tinha, vez em quando, essa dúvida sincera. Da mesma forma como não consigo me catalogar o suficiente no momento pra explicar o porquê de falar tudo isto neste espaço. De contar a história dos lobos para uma tela (confesso que pensei que, ficando ela no final do texto, estaria protegida pela paciência necessária para chegar até aqui).
Cinco
manias de gente às quais eu me achava imune poucos anos atrás:
1) ciúmes
2) erros de português
3) vaidade
4) usar o fato de ser humano pra baixar o nível de exigência moral
5) imagem 3D
1) ciúmes
2) erros de português
3) vaidade
4) usar o fato de ser humano pra baixar o nível de exigência moral
5) imagem 3D
vendredi, août 12, 2005
Certeza Bissoluta
Os filhos são a brincadeira mais tiro certo que alguém pode inventar nos dias de hoje. E é por isso que os ricos em geral, que podem driblar a grande parte dos problemas práticos que essas bolinhas de carne trazem, dão sempre um jeito de conseguir um ou dois. Pretendo provar isso cientificamente um dia. Aguardem.
*digo isso da maneira mais simpática possível, acho uma coisa boa, um constatação de que pessoas estão sendo felizes por aí (eu gosto disso).
mardi, août 09, 2005
mardi, août 02, 2005
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