jeudi, avril 10, 2008

Pálpebras alinhadas

Das fontes partilhadas por mais ou menos todo mundo (Reuters, Agência Estado, EFE), leio, edito, escolho fotos e penduro títulos nos assuntos internacionais, pois essa é uma das minhas funções no trabalho.
Há semanas falamos do Tibete, dos monges querendo independência e da repressão chinesa. E, só ontem, a minha posição geográfica fez alguma diferença no que eu ouço sobre o assunto.
No final da aula de japonês, o meu colega chinês decidiu soltar o verbo. A visão dele é - óbvio - muito diferente da dos americanos, franceses e argentinos que estão tentando assoprar a tocha olímpica. Não mudou a minha opinião, mas ficou ecoando por trás de todas as imagens do Dalai Lama que passaram na TV hoje (ele está de visita ao Japão).
Eis algumas pinceladas intrigantes do que ele falou sobre o assunto:
"O Tibete era uma região muito atrasada antes das so called 'guerra' e 'invasão' chinesas. As pessoas viviam em regime de quase escravidão em relação aos monges. Eles faziam coisas atrozes às vezes, como arrancar os olhos dos servos. As pessoas lá são completamente subservientes aos monges. Eles exercem poder cultural sobre elas."
Os monges são proprietários de terra?
"Sim, Os monges não trabalham. Eles apenas recolhem os tributos das pessoas, que são imensos".
Sobre a administração chinesa:
"O governo da China dá muita ajuda ao Tibete, e envia oficiais para ajudar a administrar a região. Além disso, os tibetanos têm muita ajuda para viver nos outros lugares do país. Na minha cidade, que é uma cidade pequena do sul da China, havia vários estudantes tibetanos. Imagina só, numa cidade pequenininha.
E, para entrar na faculdade, por exemplo, eles precisam ter pontuações muito menores do que as nossas. São ajudados para entrar na universidade. O sistema educacional no Tibete é muito fraco, a China ajuda a melhorar isso."
Sobre o Dalai Lama:
Teoricamente, se é uma religião (o budismo), não deveria haver um líder. Mas há o Dalai Lama. E o grupo dele, que vive na Índia, não trabalha. O que ocorre é que os monges exilados tinham uma vida muito fácil. Isso mudou e eles querem recuperar essa vida.
O Tibete é uma região rica?
"Não, é pobríssima".
Então por que a China não concorda em independizar a região?
"A China tem um histórico de invasões, da França, da Inglaterra e do Japão. Depois delas, há uma sentimento muito forte de que os chineses não devem ficar mais divididos. Isso está no coração do pensamento chinês".
Que motivos tu achas que os tibetanos podem ter para querer a independência?
"Não posso imaginar. Talvez para receber mais dinheiro do Ocidente".

3 commentaires:

Lisi Lane a dit…

uau. todas as histórias tem dois lados.

fiz o que tu me pediu. mas clica lá. plis.

beijos para a fofolete e abraços apertados.
have a nice weekend. :)

isabel a dit…

ok. muito politizado, muito interessante, muito intelectual. mas e o retorno dos e-mails da vida alheia??? e as angústias com as coisas menores que nem sempre (e repare no nem sempre, porque aqui a questão é de vida ou morte às vezes também!) são de vida ou morte?! rola um tempinho pra isso nesse corpinho???

Anonyme a dit…

oi, lelê!! fazia tempo que eu não vinha aqui e fiquei mt feliz e msaber que estás atualizando. adoro TE LER! virei mais vezes. deixo o link de um artigo dum filósofo esloveno (!) sobre o tibete. me trouxe novas reflexões sobre o caso. besos!