*Aprendi uma letra na aula de japonês que é um quadrado perfeito. Quatro linhas pra dizer "ro". Muito fácil, parecia. A alegria terminou quando a professora corrigiu a ordem em que eu faço os riscos.
*O shopping perto de casa vende sombrinhas de verão assinadas pela Vivienne Westwood. Maldita maldição. São lindas.
*"O meu bento vai sofrer ijime hoje". Pra meu próprio espanto, eu proferi essa frase. Tirando o dekasseguês, quer dizer "A minha marmita vai ser discriminada". É, eu cozinho mas não faço bonito.
*Depois de meia hora falando entusiasmado sobre as escavações arqueológicas que fez no centro de Nara, o japonês interlocutor esclarece: hoje trabalha no departamento de vendas da Mitsubishi. Com essa, andei duas casas no caminho para entender o conceito de salary men.
*O mundo é um cú quando o teu colega peruano conta uma história que inclui uma guria da ala radical do PSTU do curso de História da UFRGS/1998.
*O Japão tem o melhor manejo de ovos do mundo. Acreditem, há muito mais coisas para se fazer com gemas e claras do que sonha a nossa vã ocidentalidade. Pudim de ovo ao vapor com cogumelos, rodela de espuma de clara com atum dentro, omelete em cubos, hmm, hmm.
*Ser analfabeta é: reponder à pergunta sobre aborto no exame médico com "Sim, claro, periodicamente". E ainda completar dizendo que fez o último foi em 2007 e que, por isso, não precisa de outro por enquanto.
lundi, avril 28, 2008
dimanche, avril 27, 2008
Bronzeado palmito rules
O verão está chegando e, com ele, as luvas.
Pelo que me avisam o sol é tórrido nos meses mais quentes, e isso vai de encontro com a preferência nacional por peles alvas, lisas e sem manchas. Mesmo agora, que a temperatura ainda está amena, já é hora de se proteger porque, segundo consta, os raios ultra-violetas são mais fortes na primavera.
Nas últimas semanas, as lojas começaram a receber chapéus, viseiras, sobrinhas, luvas, luvinhas e luvões de tecido fino. Por luvões eu quero dizer aqueles de baile de debutante, que sobem até depois do cotovelo.
Não bastassem esses acessórios, hoje pela televisão vi venderem um creme branqueador hiper potente. Como tudo o que é vendido pela televisão, esse foi demonstrado em mais ou menos 20 mãos de mulheres. Uma das mãos ia pra bacia com a tal kiboa, enquanto a outra ficava fora. Em seguida, a cobaia tinha que apoiar as duas mãos juntas na mesa, a título de comparação, pra então todas cantarem em coro "uaaaaaau". E ficava mais branco mesmo. Sabe-se lá com que tipo de ácido sulfúrico na composição.
Não bastasse isso, quando aplicação nas mãos terminou as convidadas passaram a espalhar o produto pelo rosto. Too much.
Pelo que me avisam o sol é tórrido nos meses mais quentes, e isso vai de encontro com a preferência nacional por peles alvas, lisas e sem manchas. Mesmo agora, que a temperatura ainda está amena, já é hora de se proteger porque, segundo consta, os raios ultra-violetas são mais fortes na primavera.
Nas últimas semanas, as lojas começaram a receber chapéus, viseiras, sobrinhas, luvas, luvinhas e luvões de tecido fino. Por luvões eu quero dizer aqueles de baile de debutante, que sobem até depois do cotovelo.
Não bastassem esses acessórios, hoje pela televisão vi venderem um creme branqueador hiper potente. Como tudo o que é vendido pela televisão, esse foi demonstrado em mais ou menos 20 mãos de mulheres. Uma das mãos ia pra bacia com a tal kiboa, enquanto a outra ficava fora. Em seguida, a cobaia tinha que apoiar as duas mãos juntas na mesa, a título de comparação, pra então todas cantarem em coro "uaaaaaau". E ficava mais branco mesmo. Sabe-se lá com que tipo de ácido sulfúrico na composição.
Não bastasse isso, quando aplicação nas mãos terminou as convidadas passaram a espalhar o produto pelo rosto. Too much.
jeudi, avril 10, 2008
Pálpebras alinhadas
Das fontes partilhadas por mais ou menos todo mundo (Reuters, Agência Estado, EFE), leio, edito, escolho fotos e penduro títulos nos assuntos internacionais, pois essa é uma das minhas funções no trabalho.
Há semanas falamos do Tibete, dos monges querendo independência e da repressão chinesa. E, só ontem, a minha posição geográfica fez alguma diferença no que eu ouço sobre o assunto.
No final da aula de japonês, o meu colega chinês decidiu soltar o verbo. A visão dele é - óbvio - muito diferente da dos americanos, franceses e argentinos que estão tentando assoprar a tocha olímpica. Não mudou a minha opinião, mas ficou ecoando por trás de todas as imagens do Dalai Lama que passaram na TV hoje (ele está de visita ao Japão).
Eis algumas pinceladas intrigantes do que ele falou sobre o assunto:
"O Tibete era uma região muito atrasada antes das so called 'guerra' e 'invasão' chinesas. As pessoas viviam em regime de quase escravidão em relação aos monges. Eles faziam coisas atrozes às vezes, como arrancar os olhos dos servos. As pessoas lá são completamente subservientes aos monges. Eles exercem poder cultural sobre elas."
Os monges são proprietários de terra?
"Sim, Os monges não trabalham. Eles apenas recolhem os tributos das pessoas, que são imensos".
Sobre a administração chinesa:
"O governo da China dá muita ajuda ao Tibete, e envia oficiais para ajudar a administrar a região. Além disso, os tibetanos têm muita ajuda para viver nos outros lugares do país. Na minha cidade, que é uma cidade pequena do sul da China, havia vários estudantes tibetanos. Imagina só, numa cidade pequenininha.
E, para entrar na faculdade, por exemplo, eles precisam ter pontuações muito menores do que as nossas. São ajudados para entrar na universidade. O sistema educacional no Tibete é muito fraco, a China ajuda a melhorar isso."
Sobre o Dalai Lama:
Teoricamente, se é uma religião (o budismo), não deveria haver um líder. Mas há o Dalai Lama. E o grupo dele, que vive na Índia, não trabalha. O que ocorre é que os monges exilados tinham uma vida muito fácil. Isso mudou e eles querem recuperar essa vida.
O Tibete é uma região rica?
"Não, é pobríssima".
Então por que a China não concorda em independizar a região?
"A China tem um histórico de invasões, da França, da Inglaterra e do Japão. Depois delas, há uma sentimento muito forte de que os chineses não devem ficar mais divididos. Isso está no coração do pensamento chinês".
Que motivos tu achas que os tibetanos podem ter para querer a independência?
"Não posso imaginar. Talvez para receber mais dinheiro do Ocidente".
Há semanas falamos do Tibete, dos monges querendo independência e da repressão chinesa. E, só ontem, a minha posição geográfica fez alguma diferença no que eu ouço sobre o assunto.
No final da aula de japonês, o meu colega chinês decidiu soltar o verbo. A visão dele é - óbvio - muito diferente da dos americanos, franceses e argentinos que estão tentando assoprar a tocha olímpica. Não mudou a minha opinião, mas ficou ecoando por trás de todas as imagens do Dalai Lama que passaram na TV hoje (ele está de visita ao Japão).
Eis algumas pinceladas intrigantes do que ele falou sobre o assunto:
"O Tibete era uma região muito atrasada antes das so called 'guerra' e 'invasão' chinesas. As pessoas viviam em regime de quase escravidão em relação aos monges. Eles faziam coisas atrozes às vezes, como arrancar os olhos dos servos. As pessoas lá são completamente subservientes aos monges. Eles exercem poder cultural sobre elas."
Os monges são proprietários de terra?
"Sim, Os monges não trabalham. Eles apenas recolhem os tributos das pessoas, que são imensos".
Sobre a administração chinesa:
"O governo da China dá muita ajuda ao Tibete, e envia oficiais para ajudar a administrar a região. Além disso, os tibetanos têm muita ajuda para viver nos outros lugares do país. Na minha cidade, que é uma cidade pequena do sul da China, havia vários estudantes tibetanos. Imagina só, numa cidade pequenininha.
E, para entrar na faculdade, por exemplo, eles precisam ter pontuações muito menores do que as nossas. São ajudados para entrar na universidade. O sistema educacional no Tibete é muito fraco, a China ajuda a melhorar isso."
Sobre o Dalai Lama:
Teoricamente, se é uma religião (o budismo), não deveria haver um líder. Mas há o Dalai Lama. E o grupo dele, que vive na Índia, não trabalha. O que ocorre é que os monges exilados tinham uma vida muito fácil. Isso mudou e eles querem recuperar essa vida.
O Tibete é uma região rica?
"Não, é pobríssima".
Então por que a China não concorda em independizar a região?
"A China tem um histórico de invasões, da França, da Inglaterra e do Japão. Depois delas, há uma sentimento muito forte de que os chineses não devem ficar mais divididos. Isso está no coração do pensamento chinês".
Que motivos tu achas que os tibetanos podem ter para querer a independência?
"Não posso imaginar. Talvez para receber mais dinheiro do Ocidente".
samedi, avril 05, 2008
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