dimanche, avril 22, 2007

(Eu não estou ecoando aquele e-mail, não é sobre isso)

Sempre parei pra pensar em exposição; e o degradê de seus contrários: discrição, proteção, respeito, cumplicidade, segredo.
(Eu não estou ecoando aquele e-mail, não é sobre isso). É sobre viver, por um momento, sem a exposição que nos devolve o conforto.
Sem crachá, sem total compreensão, sem “olha o que eu fiz, não é bonito?”, sem um perfil auto-explicativo – quando eu falo isso, pode parecer que acabei de listar o cúmulo do egocentrismo, da pequenice, mas essas coisas são tão normais, positivas, e eu não estou com paciência hoje pra cuspir em cima do que nos constrói enquanto geração.
Só estou parando pra pensar em outra coisa, por um momento.
Como o espaço morto entre o fracasso e a boa desculpa, que nos coloca em uma situação interessante de exposição.
A última vez em que escrevi foi sobre o Derrida, e acho que estou ainda com algumas frases dele na cabeça. Sobre não dizer. Não colocar o final de tudo na linha da expressão.
Passei os últimos tempos entendendo formas peculiares de existência, aceitando que a forma é o todo e o dito é o feito, mas hoje estou tirando férias (aprendi, lição feita), pra lembrar do jogo de fechar a boca, dobrar os lábios pra dentro e esconder meio rosto com as mãos – e ainda assim achar que existe algo!
Todas as Letícias perdidas nos olhares dos outros, hoje eu acho que elas existem além desta. Hoje eu vou dormir sem fazer a ronda pra ver se todas elas estão com as sobrancelhas feitas. Não é só por cansaço que as deixo desprotegidas da feiúra.
É por causa desse jogo momentâneo de ver como se é sendo si, estando inexposta (medíocre, caso a metáfora da feiúra não tenha surtido efeito) em cada ponto da vida onde repousa uma instituição.
Antes de cair num discurso de tesouro escondido, esclareço que cada olhar amigo é pra mim uma instituição, pois lá eu me legitimo.
E que “sou inútil mas sou feliz” é também uma instituição (metida a vanguardista, mas é).
E se desde a primeira frase isto não se afasta de uma verborragia pouco clara, eu acho que concordo.
Mais: se todas as pausas pra explicações não fizeram mais do que estragar o ritmo do texto, eu assino embaixo.
Someone’s playing hard to get around here. We should spank her.

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