mardi, juillet 22, 2008
kiru biru
Havia planejado entrar enfurecida com a minha faca de maculelê para matar uma japa mandona - entre outras 35 pessoas -, mas faltou a cabeleira loira que iam me emprestar. Acabei sentando e pedindo um prato.
jeudi, juillet 17, 2008
Se o David Lynch viesse descrever o meu almoço
Começaria do jeito que começou, comigo dizendo que hoje é dia de comer enguia pra amenizar o calor. O lugar já está definido por antecipação, e de lá só se sabe que é sujo, pequeno e perto.
Fechamos o teclado, batemos o cartão. Duas colegas desertam no corredor, outra é abatida na porta do restaurante. Nesse lugar eu não entro. Diz ela, não eu. Eu entro.
E dou de cara com sete potes de inseticida apoiados na escada estreita à direita. Por ali não se sobe e aqui fede. Mas fede a enguia, então ok. No cardápio, só uma opção, inútil repetir o nome. Os mata-insetos já são passado porque a feiúra dos proprietários grita mais alto. Só podem ser irmãos - pelo feio, não tanto pelo parecidos. Três do mesmo, por favor.
Esperamos e, enquanto isso, recebemos o chá de praxe, mas não o de sempre. Um mais amargo, servido por dedos sem unhas - com pedaços de madeira podre no lugar delas.
O homem que bebia a última cerveja do estoque vai embora. Logo a porta abre e uma jovem gorda, alta e de um loiro quase cinza entra pisando separado no minúsculo serve-pratos. Fala com o dono coisas que eu não entendo e vira pra nós. Hoje é dia de gringo, penso. Teremos mais uma à mesa. Mas ela não quer comer, ela quer vender. Matrioshkas e canetas do pinóquio. Vai se apresentando num japonês pausado, com um sorriso constante de dentes pequenos, combinando com os olhinhos. Passamos por todos os itens da caixa de papelão, mas não queremos nada disso, sua ucraniana sem critério. E obviamente não acreditamos que o teu pai talhou todas as bonecas.
Chegam três caixas da cozinha, a quase russa já saiu pela porta e as nossas enguias aparecem debaixo das tampas. Não é problema ouvir como elas são alimentadas, mas talvez seja ouvir isso enquanto se come um ovo de codorna quente.
Elas vão se infiltrando dentro da pasta de comida que jogam no aquário, a propósito.
O tempo acabou. Os dedos com pedaços de madeira estão no caixa puxando nossas notas. A nova cliente de peruca ri pra mim e me aponta pro marido. É um riso de simpatia, acho que ninguém vai realmente debochar da minha cara aqui.
Close no suor que brilha na peruca dela, sobe a trilha sonora e entra o resto da tarde quente, com um mochi desembalado no elevador.
Fechamos o teclado, batemos o cartão. Duas colegas desertam no corredor, outra é abatida na porta do restaurante. Nesse lugar eu não entro. Diz ela, não eu. Eu entro.
E dou de cara com sete potes de inseticida apoiados na escada estreita à direita. Por ali não se sobe e aqui fede. Mas fede a enguia, então ok. No cardápio, só uma opção, inútil repetir o nome. Os mata-insetos já são passado porque a feiúra dos proprietários grita mais alto. Só podem ser irmãos - pelo feio, não tanto pelo parecidos. Três do mesmo, por favor.
Esperamos e, enquanto isso, recebemos o chá de praxe, mas não o de sempre. Um mais amargo, servido por dedos sem unhas - com pedaços de madeira podre no lugar delas.
O homem que bebia a última cerveja do estoque vai embora. Logo a porta abre e uma jovem gorda, alta e de um loiro quase cinza entra pisando separado no minúsculo serve-pratos. Fala com o dono coisas que eu não entendo e vira pra nós. Hoje é dia de gringo, penso. Teremos mais uma à mesa. Mas ela não quer comer, ela quer vender. Matrioshkas e canetas do pinóquio. Vai se apresentando num japonês pausado, com um sorriso constante de dentes pequenos, combinando com os olhinhos. Passamos por todos os itens da caixa de papelão, mas não queremos nada disso, sua ucraniana sem critério. E obviamente não acreditamos que o teu pai talhou todas as bonecas.
Chegam três caixas da cozinha, a quase russa já saiu pela porta e as nossas enguias aparecem debaixo das tampas. Não é problema ouvir como elas são alimentadas, mas talvez seja ouvir isso enquanto se come um ovo de codorna quente.
Elas vão se infiltrando dentro da pasta de comida que jogam no aquário, a propósito.
O tempo acabou. Os dedos com pedaços de madeira estão no caixa puxando nossas notas. A nova cliente de peruca ri pra mim e me aponta pro marido. É um riso de simpatia, acho que ninguém vai realmente debochar da minha cara aqui.
Close no suor que brilha na peruca dela, sobe a trilha sonora e entra o resto da tarde quente, com um mochi desembalado no elevador.
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